As culturas Arquitetónicas têm dificuldade no acesso ao grande público, remetendo-se para um discurso (?...) hermético entre profissionais. O debate arquitetónico precisa de se exercer num registo plural, não apenas no interior da disciplina da Arquitetura, mas também na relação com a Sociedade.É com esta intenção, que pretendo disponibilizar-me, incondicionalmente, para o debate, em prol de uma sociedade mais esclarecida no âmbito de uma cultura arquitetónica (projeto e edificação) mais abrangente.
Use este "espaço" para o debate sobre questões ligadas à arquitetura e ao processo construtivo.

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A diversidade dos assuntos ligados ás questões arquitectónicas são muito vastos, principalmente, quando queremos procurar afirmar ideias e projectos, daí que se sugere "percorrer" todas as mensagens para uma visão mais ampla do modo de pensar e fazer arquitectura de autor, sendo necessário aceder através das "MENSAGENS ANTIGAS", que se coloca sempre no final da coluna destinada ás "mensagens" que se vão difundindo.

Saturday, May 12, 2007




                                       
Fernando Jorge: 'De divina proportione' no ISAVE
                
O famoso desenho do Homem – “De divine proportione” – atribuído a Leonardo Da Vinci constitui a ideia a partir da qual o arquitecto Fernando Jorge desenvolveu a concepção e construção do Campus que hoje recebe, pela primeira vez, as comemorações do aniversário do Instituto Superior de Saúde do Alto Ave (ISAVE).
“No dia em que chegamos a este enorme relvado, apeteceu deitarmo-nos de costas, olhar o céu, abrir os braços e as pernas e ficar a contemplar esta maravilha da natureza”. Foi a partir desta ideia que fomos concebendo e desenvolvendo todo o projecto: a cabeça é o auditório, o estômago é a cantina e bar, as pernas são os laboratórios e salas de aulas e os braços são os serviços de apoio” – explica o autor do projecto, que foi acompanhado neste sonho pelo arquitecto Rui Bianchi e pelo eng. Afonso Osório, além de outras parcerias nas especialidades.
“Articulamos as funções de acordo com o corpo humano e o programa desenvolveu o resto da ideia, em que a coluna dorsal é o grande corredor que liga todos os elementos” – prossegue Fernando Jorge que inclui esta obra na chamada “arquitectura híbrida” ou seja, aquela que “transporta para o ambiente as formas, neste caso, o Homem”.
Depois, prossegue, este ambiente “também sugeria paz, recolhimento, num sítio nobre, de modo que o edifício encaixa-se muito bem porque respeita o meio ambiente”.
A integração, explica, “não tem a ver com a cércea ou volume, mas também com outros elementos” e. Na lógica da integração, o edifício está perfeitamente enquadrado, embora seja um volume demasiado agressivo para o sítio”.
Fernando Jorge acredita que embora seja “uma peça extensa ela se espraia pelo terreno, como o homem deitado” de “De divina Proportione” porque respeita os sítios e a atitude é pensada para este local”.
No desenvolvimento desta ideia “tentamos não danificar qualquer peça da envolvente, desde árvores a edifícios existentes. Não se tocou nos edifícios existentes, mesmo o campo verde. Isto era um talude, pouco aproveitado. O ênfase da verdura continua e tem maior ênfase que o campo que não era sequer cultivado”.
Passando em revista as fases desta obra gigantesca, erguida em apenas nove meses, o arquitecto Fernando Jorge sustenta que “o mais interessante de tudo é que temos um edifício que vem dar muita vida a Geraz e, por isso, agora, o meu receio reside no que se fizer á volta e que possa não ser devidamente pensado, mas essa é agora uma competência da Câmara Municipal da Póvoa de Lanhoso”.
Quanto à clínica geriátrica, “é desenvolvida em função dos edifícios que existem ara descaracterizar o ambiente”.
Quanto aos materiais, Fernando Jorge refere que, para além da estrutura em betão, com lajes cortantes, foram escolhidos num contexto de modernidade, como pladur, cappotto, alumínios e vidros, sempre capazes de resolver questões construtivas mas adaptadas às funções de escola, que possibilitem melhor limpeza e adaptação. “Só assim se conseguiu fazer em nove meses, porque as obras arrancaram em Agosto. Dois meses e meio depois colocamos os alunos nas salas de aula e pode-se dizer que foi um milagre de coordenação e metodologia da obra, com timings sempre ponderados, de modo a permitir a evolução sectorizada da obra. Foi uma verdadeira apologia às componentes do homem – ideia inicial – com autonomia construtiva”, tendo a cabeça ficado para o fim.
Para Fernando Jorge, em termos pessoais, esta obra “foi um desafio totalmente diferente, que chegou a bom porto. Sabe, o arquitecto não tem que pôr dificuldades nos objectivos propostos, tem de investigar, conversar e a obra vai surgindo”.
Neste caso, “foi um processo discutido com o dono da obra, com os técnicos das outras áreas e eu fui o coordenador geral dessas vontades, o que permitiu absorver as partes componentes para que não houvesse falhas”.
Foi “uma obra importante no meu curriculum? É como as outras. É diferente e é enriquecedora” - confessa o arquitecto Fernando Jorge.
Quanto à caracterização do edifício, as cores e os materiais de integração, Fernando Jorge sustenta que os “conceitos estão agarrados à sensibilidade de cada um dos técnicos. O todo é que faz o conceito definitivo de cada obra, tendo em conta os espaços, a funcionalidade e escala. Tudo faz com que defina a minha forma de intervir num espaço”.

SOMOS REALIZADORES DE SONHOS

Interrogado sobre a sua metodologia de trabalho, Fernando Jorge considera essencial “pensar bem as coisas antes de as fazermos. Se as indecisões forem muitas, há derrapagens para o construtor e para o dono. Foi uma experiência enriquecedora. Eu não tenho obras, as obras são das pessoas”.
Depois não se pode menosprezar a “experiência sustentada na multiplicidade e variedade de obras que tenho acompanhado, em consequência de um trabalho que não entendo como mais um trabalho”.
Decerto é por isso que as “pessoas acharam que eu tinha competência” depois de tantas obras como são os casos d o parque hoteleiro do Bom Jesus, no Sameiro, imensas casas e prédios, hotéis, palácios, centros cívicos, sedes de empresas de grande envergadura, um pouco por todo o país.
Sobre a sua marca pessoal – que tanto sucesso (e ciúme) lhe tem granjeado -, Fernando Jorge acha que a sua arquitectura se “define pelo rigor e atitude de seriedade e lealdade face aos meus clientes. O meu objectivo no contacto inicial com o cliente não é fazer a obra, mas resolver um problema. Nós somos realizadores de sonhos”.
Falando ainda de si, o arq. Fernando Jorge confessa que sempre deu resposta “às questões que me colocaram ao longo do tempo. É uma questão de escala. Acharam que eu tinha conhecimento e experiência para resolver este problema e resolvi. Cumpri o meu papel de fazedor de sonhos e até hoje não tenho nenhum cliente que tenha ficado chateado comigo. Respeito-os totalmente”.
Como é que consegue isso? - “é muito fácil. Não quero fazer a obra ideal para a revista ideal. As obras são o meu melhor cartão de visitas, mas não são minhas, a partir do momento em que o meu trabalho e pago”.
Quanto à clínica que agora vai complementar o campus do ISAVE, Fernando Jorge revela que o projecto já foi aprovado pela RAN e agora vai ser apreciado pela Câmara Municipal da Póvoa de Lanhoso. Mais “três ou quatro meses, o projecto está pronto para iniciar as obras”.
Há uma parte que funciona como hotel geriátrico integrado numa clínica vocacionada para a investigação da oncologia e neurologia, em que o doente além do tratamento possui espaços de lazer, com piscina, hidrologia, fisioterapia e outras valências.
Com cerca de 70 obras em curso, Fernando Jorge não destaca nenhuma: “todas são importantes e todas são diferentes”.
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