Numa altura em que se especula sobre a localização da Academia do S.C. de Braga, entendo que é a ocasião para se mostrar duas abordagens, solicitadas pela Direção do Club, à 2/3 anos, para a Quinta de Jós (freguesia de Navarra) e Parque da Ponte, misteriosamente esquecidas...
O Parque da Ponte, é um território de todos e para todos os Bracarenses! A "Quinta de Jós" é de alguns... para alguns...
Está na altura dos cidadãos afirmarem vontades e de dizerem o que pretendem para a sua cidade...
DUAS IDEIAS PARA
A INSTALAÇÃO DA
FUTURA ACADEMIA DO S.C.DE BRAGA
O Parque da Ponte é a alternativa. E é um lugar que tem imensas
potencialidade para gerar uma nova ordem urbana na cidade de Braga, quer sob o
ponto de vista social quer sob o ponto de vista desportivo, os quais em
conjunto podem encontrar a comunhão emocional e a comunicação racional dos
cidadãos residentes, constitui uma prioridade tão importante quanto o
crescimento harmónico da estrutura urbana, podendo a renovação do Parque da Ponte incentivar à
participação do homem bracarense em todo esse processo cósmico.
Para recuperar a ideia de um
núcleo para a cidade actual, para se dar um novo sentido estrutural à cidade,
ter-se-á que convergir todas as linhas de força em volta da cidade histórica,
ou seja, a cidade que cresceu organicamente, a cidade que se desenvolveu até
aos meados do século XX, onde tem uma importância capital o território
denominado Parque da Ponte e sua
envolvente, o espaço privilegiado do convívio social nas noites de Verão, o
ponto de encontro de todos os desportistas, o núcleo central dos mais lídimos
festejos populares bracarenses, o S. João.
O PARQUE DA PONTE:
O Parque da Ponte tem como
principal referência a existência do complexo desportivo protagonizado pelo
estádio 1º de Maio. À semelhança do estádio Nacional, também o estádio 1º de
Maio se insere num parque verde, aonde é possível a prática de actividades de
lazer ou desportivas de iniciativa individual ou colectiva correspondendo à
ideia de “mente sã em corpo são”, característica dos princípios arquitectónicos
estabelecidos na época e que vieram a ficar conhecidos na história como
“Arquitectura do Estado Novo”.
ESTÁDIO 1º DE MAIO:
O estádio é o expoente máximo
deste espaço e caracteriza-se fortemente por uma linguagem modernista, austera
e expressiva da sua época, que independentemente das questões políticas,
constitui hoje uma referência e um testemunho arquitectónico e desportivo de
grande relevo. As exigências para a prática desportiva em estádio, o conforto
por parte dos espectadores, a qualidade dos serviços a prestar e a segurança
foram evoluindo ao longo dos anos e hoje dificilmente o estádio 1º de Maio pode
rivalizar com as novas infraestruturas construídas no âmbito do Euro 2004, pese
embora todas as memórias desportivas que ele encerra.
Mesmo quando os estádios
começam a entrar em declínio, a verdade é que eles encerram uma memória e uma
história de um povo num determinado tempo. Não por se tratar de um estádio em
particular, mas porque são uma manifestação de uma construção colectiva de um
espaço com memória, de um interesse comunitário e uma manifestação de poder
afirmativo de uma identidade local. Sempre foi assim ao longo da história, de
Atenas ou Roma até aos nossos dias, os povos conhecem-se na maneira como
planeiam e constroem a sua obra e sobretudo na forma como ela se torna num
legado para o futuro.
A IDEIA DA ACADEMIA
A ideia para instalação da
ACADEMIA do S.C.B, centra-se realmente no edifício do estádio, como emblema,
mas chama para si um conjunto eclético de outras práticas desportivas de
carácter individual ou colectivo.
O projecto defende a
revitalização das actividades amadoras praticadas em estádio e o restauro de
todas as suas infraestruturas e valências para uma prática desportiva mais
aberta à população e eventualmente de apoio á Escola de Desporto se vier a ser
viável a sua instalação no actual parque de exposições, e sobretudo aos jovens,
escolas, à formação e às colectividades locais.
Para além do restauro deste
equipamento parece razoável pensar na hipótese de se realizar uma cobertura das
bancadas com uma estrutura têxtil pré-tensada sem ferir a qualidade
arquitectónica e o equilíbrio do edifício que permita um uso continuo, embora
possa nesta fase carecer de um estudo mais aprofundado que o justifique.
O estádio poderá ser um espaço
para a realização de outros espectáculos de massas, fora do âmbito estritamente
desportivo, como acontece noutros locais do país desde que estejam garantidas
as condições técnicas e de segurança do recinto.
Poderia ser ponderada a
hipótese da elaboração de um programa de utilização dos espaços passivos por
baixo das bancadas, para fins sociais ou de serviços complementares, a partir
de um estudo específico, que permitissem maximizar a utilização do estádio, sem
prejuízo das características arquitectónicas subjacentes ou da utilização
desportiva do mesmo.
O estádio encerra em si uma
monumentalidade que deve ser preservada como símbolo cultural e sinal de um
tempo que passado se insere no contexto contemporâneo.
SEDE ADMINISTRATIVA:
O pavilhão desportivo actual
já não se encontra em condições de permitir uma prática desportiva de acordo
com os requisitos mínimos necessários quanto ao espaço do recinto, de conforto,
de segurança e de serviços. É um edifício que apresenta já alguma degradação ao
nível dos materiais de construção e com uma imagem desadequada e
incaracterística na convivência com o espaço que se projecta e com o estádio.
Colocadas as questões nestes termos e ponderada a necessidade de existir neste
espaço da cidade um equipamento destinado á sede social e desportiva do SCB,
além da instalação de uma loja para promoção desportiva do Clube, espaços de
lazer para os associados e o museu , parece razoável pensar substituir o actual
pavilhão por um edifício que comporte as valências necessárias á vida
associativa do clube.
Neste sentido, o edifício/sede
e o estádio 1º de Maio, formariam uma unidade desportiva, para prática de
modalidades amadoras, abertas a população e ás associações.
O acesso realizar-se-ia a
partir de uma galeria coberta, que confrontaria com a avenida da maratona, em
vidro serigrafado, com desenhos da prática das modalidades. Estas serigrafias
lançariam a estrutura de imagens que teriam continuidade nos baixos relevos que
se encontram na porta do estádio. Toda a avenida se fechava com grande
nobreza com as imagens das práticas desportivas, que
iluminadas, a noite ganhariam um particular destaque.
ALAMEDA DA MARATONA
Para a Alameda da Maratona propõe-se uma longa praça de
entrada em todo o parque, capaz de se “agarrar” ao estádio e de lhe conferir
nobreza e sobriedade. Será um espaço de entrada com carácter, mas
simultaneamente um espaço de passeio familiar, pavimentado e enriquecido com
zonas de estar, com bancos, árvores, jardins floridos e ladeada ritmadamente
por esculturas ou pela galeria de vidro serigrafado com figuras cuja temática
se deveria centrar no desporto. Desta forma, se criará uma alameda com espaços
de jardim, com uma nobreza e uma temática que lhe confere enorme riqueza e
carácter, para as pessoas poderem usufruir livremente por prazer e conforto
como um espaço de excelência.
Entendendo a importância que
tinha esta alameda da zona desportiva e no projecto original, como estrutura
agregadora do conjunto e como espaço vinculado à ideia de desfile triunfal, com
origem na Antiguidade Clássica, recuperada pelo Estado Novo, a porta ou o
remate deste espaço junto à cidade apresenta-se com um desenho de glória,
coroado por uma estrutura espacial concava de arcaria ou galeria que remete
para o espaço central do Olimpo, ou para a ideia de envolvimento triunfal das
praças romanas. A aproximação é meramente sugestiva, mas característica. A
porta deve assumir um protagonismo sustentado em princípios universais de
igualdade emanada pelas práticas desportivas, expressas na sobriedade e na
nobreza como reconhecimento da actividade, numa relação apelativa e
glorificante com a cidade e sobretudo exaltando o homem na sua dimensão física.
GRANDE NAVE
Edifício de evidente relevo no
panorama da arquitectura portuguesa, de autoria do arquitecto Gonçalo Byrne,
merecedor de destaque e de visitas só pela sua qualidade arquitectónica,
publicado em inúmeros artigos, revistas ou livros de referência.
Hoje, menos completo quanto à
sua integração no espaço da cidade, com necessidade de ser repensado quanto a
alguns aspectos ligados à experiência de utilização e quanto ao seu futuro, por
forma a manter a sustentabilidade e no âmbito da sua inserção neste plano que
se propõe.
Ponderados os factos e
considerando a vocação desta infraestrutura, inserida num espaço de prática
desportiva, o espaço aqui existente parece capaz de aceitar este desafio e
viver em coexistência com o restantes espaços, garantindo uma boa utilização,
ao remodelar, sob o ponto de vista da acústica e acabamentos em geral,
constituindo-se como uma nova valência fundamental para o seu desenvolvimento
futuro, eventualmente como campos cobertos em relva sintética para a formação.
O auditório, poderia servir
para eventuais palestras públicas no âmbito do fenómeno desportivo.
CENTRO
DE ESTÁGIO
O Centro de Estágio,
situar-se-ia-a entre a piscina actual ( a demolir ou a remodelar) e o parque de campismo, propriamente dito, e
ocupará um espaço autónomo. Esta localização, para além de permitir uma relação
privilegiada sobre a cidade, poderá ter acesso diferenciado do público em
geral, porquanto é possível estabelecer-se a ligação a partir do acesso Poente,
já existente.
O programa deve ser realizado por forma a criarem-se as necessárias condições que
permitam uma estadia dos desportistas com qualidade, que induza a ideia de
recato, conforto e qualidade, em plena harmonia com o espaço natural do parque.
Seriam criadas duas alas
distintas com aproximadamente 80 quartos duplos, uma destinada aos jogadores
profissionais e uma outra para a formação, ambas com espaços de apoio,
nomeadamente para as palestras, zonas de estar, bar, restaurante, ocupação dos
tempos livres, consultórios, ginásios, piscina coberta, salas de massagens,
entre outras valências a considerar em futuro projecto arquitectónico.
CAMPOS RELVADOS:
Para além dos dois existentes
relvados ( estádio 1º de Maio e campo adjacente a Nascente), existem ainda dois
campos não relvados, sendo naturalmente tratados no sentido de se gerarem as condições adequadas para a prática do
futebol. Além dos 4 campos referidos seriam estruturados mais dois campos a
Norte do Centro de Estágio.
O actual campo de treinos,
junto ao estádio 1º de Maio, seria exclusivamente destinado á formação,
introduzindo-se a Nascente uma bancada para aproximadamente 2000 pessoas.
CONCLUSÃO:
Para uma melhor gestão da ideia da futura Academia do
S.C. de Braga, é necessário, á posteriori,
interpretar as funções a aplicar, analisar a interactividade e continuidade
espacial com a envolvente e a compreensão e gestão da própria execução
construtiva por parte dos promotores e Autarquia.
A zona da Academia,
será um espaço encerrado ao público em geral, mas as estruturas funcionais com
características diferenciadas existentes na sua envolvente, permitem uma
utilização colectiva. Deste modo a que seja possível organizar um conjunto de
infra-estruturas e de regras programáticas especificas para cada zona com o
objectivo de disciplinar o uso e esclarecer o processo de construção de cada
espaço. Será também possível uma melhor identificação do lugar e as suas
condições naturais de utilização, permitindo também sistematizar objectivos e
controlar o desenvolvimento do processo de instalação de cada uma das zonas na
envolvente da Academia de acordo com as funções, atributos e características
que venham a ser naturalmente discutidas.
A cada zona
corresponderá um projecto independente, que poderá ter viabilidade de forma
autónoma, não colidindo com os interesses de funcionamento da própria Academia,
permitindo o seu redimensionamento de acordo com a estrutura de base
adaptando-se ao investimento, sem que esta possibilidade represente alteração
ou perda de qualidade da ideia agora apresentada.
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