As culturas Arquitetónicas têm dificuldade no acesso ao grande público, remetendo-se para um discurso (?...) hermético entre profissionais. O debate arquitetónico precisa de se exercer num registo plural, não apenas no interior da disciplina da Arquitetura, mas também na relação com a Sociedade.É com esta intenção, que pretendo disponibilizar-me, incondicionalmente, para o debate, em prol de uma sociedade mais esclarecida no âmbito de uma cultura arquitetónica (projeto e edificação) mais abrangente.
Use este "espaço" para o debate sobre questões ligadas à arquitetura e ao processo construtivo.

PÁGINAS DO BLOGUE

A diversidade dos assuntos ligados ás questões arquitectónicas são muito vastos, principalmente, quando queremos procurar afirmar ideias e projectos, daí que se sugere "percorrer" todas as mensagens para uma visão mais ampla do modo de pensar e fazer arquitectura de autor, sendo necessário aceder através das "MENSAGENS ANTIGAS", que se coloca sempre no final da coluna destinada ás "mensagens" que se vão difundindo.
                                                 
Numa altura em que se especula sobre a localização da Academia do S.C. de Braga,  entendo que é a ocasião para se mostrar duas abordagens, solicitadas pela Direção do Club, à 2/3 anos, para a Quinta de Jós (freguesia de Navarra) e Parque da Ponte, misteriosamente esquecidas...
O Parque da Ponte, é um território de todos e para todos os Bracarenses! A "Quinta de Jós" é de alguns... para alguns...
Está na altura dos cidadãos afirmarem vontades e de dizerem o que pretendem para a sua cidade...




 
                                               DUAS  IDEIAS  PARA  A  INSTALAÇÃO DA
FUTURA ACADEMIA DO S.C.DE BRAGA

O Parque da Ponte é a alternativa. E é um lugar que tem imensas potencialidade para gerar uma nova ordem urbana na cidade de Braga, quer sob o ponto de vista social quer sob o ponto de vista desportivo, os quais em conjunto podem encontrar a comunhão emocional e a comunicação racional dos cidadãos residentes, constitui uma prioridade tão importante quanto o crescimento harmónico da estrutura urbana, podendo a renovação do Parque da Ponte incentivar à participação do homem bracarense em todo esse processo cósmico.
Para recuperar a ideia de um núcleo para a cidade actual, para se dar um novo sentido estrutural à cidade, ter-se-á que convergir todas as linhas de força em volta da cidade histórica, ou seja, a cidade que cresceu organicamente, a cidade que se desenvolveu até aos meados do século XX, onde tem uma importância capital o território denominado Parque da Ponte e sua envolvente, o espaço privilegiado do convívio social nas noites de Verão, o ponto de encontro de todos os desportistas, o núcleo central dos mais lídimos festejos populares bracarenses, o S. João.
O PARQUE DA PONTE:
O Parque da Ponte tem como principal referência a existência do complexo desportivo protagonizado pelo estádio 1º de Maio. À semelhança do estádio Nacional, também o estádio 1º de Maio se insere num parque verde, aonde é possível a prática de actividades de lazer ou desportivas de iniciativa individual ou colectiva correspondendo à ideia de “mente sã em corpo são”, característica dos princípios arquitectónicos estabelecidos na época e que vieram a ficar conhecidos na história como “Arquitectura do Estado Novo”.
ESTÁDIO 1º DE  MAIO:
O estádio é o expoente máximo deste espaço e caracteriza-se fortemente por uma linguagem modernista, austera e expressiva da sua época, que independentemente das questões políticas, constitui hoje uma referência e um testemunho arquitectónico e desportivo de grande relevo. As exigências para a prática desportiva em estádio, o conforto por parte dos espectadores, a qualidade dos serviços a prestar e a segurança foram evoluindo ao longo dos anos e hoje dificilmente o estádio 1º de Maio pode rivalizar com as novas infraestruturas construídas no âmbito do Euro 2004, pese embora todas as memórias desportivas que ele encerra.
Mesmo quando os estádios começam a entrar em declínio, a verdade é que eles encerram uma memória e uma história de um povo num determinado tempo. Não por se tratar de um estádio em particular, mas porque são uma manifestação de uma construção colectiva de um espaço com memória, de um interesse comunitário e uma manifestação de poder afirmativo de uma identidade local. Sempre foi assim ao longo da história, de Atenas ou Roma até aos nossos dias, os povos conhecem-se na maneira como planeiam e constroem a sua obra e sobretudo na forma como ela se torna num legado para o futuro. 
A IDEIA DA ACADEMIA
A ideia para instalação da ACADEMIA do S.C.B, centra-se realmente no edifício do estádio, como emblema, mas chama para si um conjunto eclético de outras práticas desportivas de carácter individual ou colectivo.
O projecto defende a revitalização das actividades amadoras praticadas em estádio e o restauro de todas as suas infraestruturas e valências para uma prática desportiva mais aberta à população e eventualmente de apoio á Escola de Desporto se vier a ser viável a sua instalação no actual parque de exposições, e sobretudo aos jovens, escolas, à formação e às colectividades locais.
Para além do restauro deste equipamento parece razoável pensar na hipótese de se realizar uma cobertura das bancadas com uma estrutura têxtil pré-tensada sem ferir a qualidade arquitectónica e o equilíbrio do edifício que permita um uso continuo, embora possa nesta fase carecer de um estudo mais aprofundado que o justifique.
O estádio poderá ser um espaço para a realização de outros espectáculos de massas, fora do âmbito estritamente desportivo, como acontece noutros locais do país desde que estejam garantidas as condições técnicas e de segurança do recinto.
Poderia ser ponderada a hipótese da elaboração de um programa de utilização dos espaços passivos por baixo das bancadas, para fins sociais ou de serviços complementares, a partir de um estudo específico, que permitissem maximizar a utilização do estádio, sem prejuízo das características arquitectónicas subjacentes ou da utilização desportiva do mesmo.
O estádio encerra em si uma monumentalidade que deve ser preservada como símbolo cultural e sinal de um tempo que passado se insere no contexto contemporâneo.
SEDE ADMINISTRATIVA:
O pavilhão desportivo actual já não se encontra em condições de permitir uma prática desportiva de acordo com os requisitos mínimos necessários quanto ao espaço do recinto, de conforto, de segurança e de serviços. É um edifício que apresenta já alguma degradação ao nível dos materiais de construção e com uma imagem desadequada e incaracterística na convivência com o espaço que se projecta e com o estádio. Colocadas as questões nestes termos e ponderada a necessidade de existir neste espaço da cidade um equipamento destinado á sede social e desportiva do SCB, além da instalação de uma loja para promoção desportiva do Clube, espaços de lazer para os associados e o museu , parece razoável pensar substituir o actual pavilhão por um edifício que comporte as valências necessárias á vida associativa do clube.
Neste sentido, o edifício/sede e o estádio 1º de Maio, formariam uma unidade desportiva, para prática de modalidades amadoras, abertas a população e ás associações.
O acesso realizar-se-ia a partir de uma galeria coberta, que confrontaria com a avenida da maratona, em vidro serigrafado, com desenhos da prática das modalidades. Estas serigrafias lançariam a estrutura de imagens que teriam continuidade nos baixos relevos que se encontram na porta do estádio. Toda a avenida se fechava com grande nobreza  com as  imagens das práticas desportivas, que iluminadas, a noite ganhariam um particular destaque.
ALAMEDA DA MARATONA
Para a  Alameda da Maratona propõe-se uma longa praça de entrada em todo o parque, capaz de se “agarrar” ao estádio e de lhe conferir nobreza e sobriedade. Será um espaço de entrada com carácter, mas simultaneamente um espaço de passeio familiar, pavimentado e enriquecido com zonas de estar, com bancos, árvores, jardins floridos e ladeada ritmadamente por esculturas ou pela galeria de vidro serigrafado com figuras cuja temática se deveria centrar no desporto. Desta forma, se criará uma alameda com espaços de jardim, com uma nobreza e uma temática que lhe confere enorme riqueza e carácter, para as pessoas poderem usufruir livremente por prazer e conforto como um espaço de excelência.
Entendendo a importância que tinha esta alameda da zona desportiva e no projecto original, como estrutura agregadora do conjunto e como espaço vinculado à ideia de desfile triunfal, com origem na Antiguidade Clássica, recuperada pelo Estado Novo, a porta ou o remate deste espaço junto à cidade apresenta-se com um desenho de glória, coroado por uma estrutura espacial concava de arcaria ou galeria que remete para o espaço central do Olimpo, ou para a ideia de envolvimento triunfal das praças romanas. A aproximação é meramente sugestiva, mas característica. A porta deve assumir um protagonismo sustentado em princípios universais de igualdade emanada pelas práticas desportivas, expressas na sobriedade e na nobreza como reconhecimento da actividade, numa relação apelativa e glorificante com a cidade e sobretudo exaltando o homem na sua dimensão física.
GRANDE NAVE
Edifício de evidente relevo no panorama da arquitectura portuguesa, de autoria do arquitecto Gonçalo Byrne, merecedor de destaque e de visitas só pela sua qualidade arquitectónica, publicado em inúmeros artigos, revistas ou livros de referência.
Hoje, menos completo quanto à sua integração no espaço da cidade, com necessidade de ser repensado quanto a alguns aspectos ligados à experiência de utilização e quanto ao seu futuro, por forma a manter a sustentabilidade e no âmbito da sua inserção neste plano que se propõe.
Ponderados os factos e considerando a vocação desta infraestrutura, inserida num espaço de prática desportiva, o espaço aqui existente parece capaz de aceitar este desafio e viver em coexistência com o restantes espaços, garantindo uma boa utilização, ao remodelar, sob o ponto de vista da acústica e acabamentos em geral, constituindo-se como uma nova valência fundamental para o seu desenvolvimento futuro, eventualmente como campos cobertos em relva sintética para a formação.
O auditório, poderia servir para eventuais palestras públicas no âmbito do fenómeno desportivo.
                                      CENTRO DE ESTÁGIO
O Centro de Estágio, situar-se-ia-a entre a piscina actual ( a demolir ou a remodelar)  e o parque de campismo, propriamente dito, e ocupará um espaço autónomo. Esta localização, para além de permitir uma relação privilegiada sobre a cidade, poderá ter acesso diferenciado do público em geral, porquanto é possível estabelecer-se a ligação a partir do acesso Poente, já existente.
 O programa deve ser realizado por forma  a criarem-se as necessárias condições que permitam uma estadia dos desportistas com qualidade, que induza a ideia de recato, conforto e qualidade, em plena harmonia com o espaço natural do parque.
Seriam criadas duas alas distintas com aproximadamente 80 quartos duplos, uma destinada aos jogadores profissionais e uma outra para a formação, ambas com espaços de apoio, nomeadamente para as palestras, zonas de estar, bar, restaurante, ocupação dos tempos livres, consultórios, ginásios, piscina coberta, salas de massagens, entre outras valências a considerar em futuro projecto arquitectónico.
    CAMPOS RELVADOS:
Para além dos dois existentes relvados ( estádio 1º de Maio e campo adjacente a Nascente), existem ainda dois campos não relvados, sendo naturalmente tratados no sentido de se gerarem  as condições adequadas para a prática do futebol. Além dos 4 campos referidos seriam estruturados mais dois campos a Norte do Centro de Estágio.
O actual campo de treinos, junto ao estádio 1º de Maio, seria exclusivamente destinado á formação, introduzindo-se a Nascente uma bancada para aproximadamente 2000 pessoas.
                                         CONCLUSÃO:
Para uma melhor gestão da ideia da futura Academia do S.C. de Braga, é necessário, á posteriori, interpretar as funções a aplicar, analisar a interactividade e continuidade espacial com a envolvente e a compreensão e gestão da própria execução construtiva por parte dos promotores e Autarquia.
 A zona da Academia, será um espaço encerrado ao público em geral, mas as estruturas funcionais com características diferenciadas existentes na sua envolvente, permitem uma utilização colectiva. Deste modo a que seja possível organizar um conjunto de infra-estruturas e de regras programáticas especificas para cada zona com o objectivo de disciplinar o uso e esclarecer o processo de construção de cada espaço. Será também possível uma melhor identificação do lugar e as suas condições naturais de utilização, permitindo também sistematizar objectivos e controlar o desenvolvimento do processo de instalação de cada uma das zonas na envolvente da Academia de acordo com as funções, atributos e características que venham a ser naturalmente discutidas.
 A cada zona corresponderá um projecto independente, que poderá ter viabilidade de forma autónoma, não colidindo com os interesses de funcionamento da própria Academia, permitindo o seu redimensionamento de acordo com a estrutura de base adaptando-se ao investimento, sem que esta possibilidade represente alteração ou perda de qualidade da ideia agora apresentada.

Sem comentários:

Enviar um comentário