MANIFESTO DE UMA GERAÇÃO
DE ARQUITETOS, TAMBÉM “À RASCA”
Como profissional, quero
manifestar o desagrado perante a desilusão de uma geração, que represento, em que
lhe foram dadas premissas para acreditar incondicionalmente no futuro da
profissão como arquitetos. Creio que este sentimento
é generalizado, para todos os que lutaram por objetivos concretos, no campo pessoal
e profissional.
As desilusões
sucederam-se ao longo dos últimos anos, sentimos em que os ideais de vida de
uma geração, foram vilipendiados.
Quase nada permanece
dessa Esperança, apenas a desilusão e “memórias” daquilo que se quer esquecer.
A “democracia” e a “liberdade”,
formataram uma sociedade, a qual, de forma sistemática e corajosa, se viu obrigada
a desenrascar, quando para alguns se afunilavam todos os interesses e uma
doentia, quase dependente, exacerbação de personalidades...
Produziu ainda, o
“vírus” da ignorância e da inveja, de tal ordem, que dificilmente se encontrará
um antídoto para que se inverta este estado de coisas.
Era tão simples!...
Bastava interpretar o
sorriso indelével de esperança que se vislumbrava no rosto dos jovens, que
éramos nós…e dar-lhes a devida oportunidade de modo equitativo.
Goraram-se expetativas, afirmaram-se
nos rostos dos arquitetos da minha geração, profundas rugas nos rostos, provocadas
pelo persistente desânimo, tristeza e insegurança, principalmente por sentir
que nada poderiam assegurar no campo profissional, à geração seguinte.
Muitos da minha geração,
foram trabalhadores/estudantes, pois o futuro dos filhos dependia muito desse
esforço, passando por isso a ser apelidada de geração “sanduiche”, isto é,
ajudaram os filhos, quando muitos tiveram ainda de ajudar os pais.
E quem ajudou a nossa
geração?
Por todas as razões, o que
se constata atualmente para ambas as gerações, em termos profissionais?: - Um
enorme vazio no campo profissional, falta de esperança quanto ao futuro da
arquitetura e uma profunda desilusão.
Esta nova geração, que
se prepara para passar o testemunho, continua apesar de tudo, a manifestar-se distraída
perante a realidade comprometedora que os cerca. Os mais atentos, exploram
outras rotas geográficas…
Não era esta a geração
que queríamos que nos sucedesse!.. apesar de reconhecer que a minha geração,
foi em parte, a responsável por esse estado de coisas, porque fomos permissivos
em face das falsas ilusões que o “Estado democrático” nos proporcionou e que,
de forma ingénua, acreditamos…
Levar a compreender os ideais
de vida para novas gerações, constitui a missão das gerações que as antecede e
infelizmente, no nosso caso, fomos inoperantes e inconsequentes. Mas, perante o
cenário que se depara para as duas gerações em causa, apetece afirmar:
Afinal, somos duas gerações
de profissionais da arquitetura, completamente à “rasca”…!
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